Paulinha - a bailarina da perna elástica

 

Eu vou contar para vocês a história da bailarina com as pernas mais flexíveis do mundo! O nome dela era Paulinha. Ela era reconhecida por onde passasse.

Apesar da fama mundial, a vida dela não era só feita de palcos e de apresentações. Ela também ia para escola, brincava com os seus amigos e ajudava os seus pais, da mesma forma que você.

É claro que a convivência com ela era um pouco diferente das demais pessoas. Por exemplo, quando precisavam pegar uma xícara de arroz emprestada da vizinha, bastava Dona Claudete colocar a mão para fora da janela segurando a xícara, que Paulinha prontamente esticava uma de suas duas pernas e, com o maior attitude do mundo, usava seus pezinhos muito bem acomodados na sua sapatilha verde-limão para segurar a xícara e a trazer até em casa sem precisar sair do conforto do seu lar.

Claudete sempre se impressionava:

-Como é flexível essa garota! Parece até que é de borracha…

Paulinha usava suas pernas para ajudar muita gente. Fosse para pegar alguma bola presa no topo de uma árvore ou para alcançar coisas em lugares muito altos, Paulinha sempre estava à disposição de todos.

Todavia, nem tudo eram flores. Os colegas de dança de Paulinha, por exemplo, faziam a aula com atenção redobrada quando a garota estava presente, pois, vira e mexe, as pernas da menina, em descontrole, geravam algum alvoroço de tão longe que iam.

Uma vez, numa só aula, ela acertou a cabeça da professora com sua sapatilha, chutou o braço de uma colega e quebrou o amplificador da sala. Tudo sem querer, obviamente.

Além disso, ela também usava as suas pernas para ajudar a resgatar gatinhos de árvores, para se pendurar de ponta cabeça em postes de luz e, é claro, para executar lindos passos de dança…

Mesmo com toda essa atenção, Paulinha mantinha um segredo: as suas pernas eram muito, mas muito mais flexíveis do que todos imaginavam, a ponto de ela já ter alcançado pássaros no céu, perpassado nuvens e até mesmo quase encostado em um avião… Eu só imagino quão confuso ficou o passageiro quando viu pela janela uma sapatilha verde-limão virada e uma canela. De certo deve ter pensado tratar-se de um sonho…

Paulinha queria ir cada vez mais longe e treinava todo dia (escondida) para deixar as suas pernas ainda mais flexíveis. Obviamente, ela tinha que se alongar ao ar livre, porque não havia espaço suficiente num ambiente interno para esticar as suas pernas tão longe.

Para que esse seu superpoder permanecesse em segredo, ela sempre treinava à noite, no pátio da sua casa, após todos irem dormir. E isso muito explicava o extremo sono que a menina tinha todas as manhãs na hora de ir para a escola… Ela era sempre a última a acordar…

Depois de muito treinamento, Paulinha decidiu que queria tocar a Lua com seu pé. Embora não tivesse muito como medir o quão longe já a havia esticado, ela sabia que tinha sido uma distância inimaginável. Então, numa calorosa noite de lua cheia, Paulinha esperou todo mundo ir dormir e subiu na árvore do seu quintal. Afinal de contas, era a Lua né! E, qualquer ajudinha era bem vinda. Ela deitou num dos galhos, ergueu a perna direita e começou a esticar, esticar, esticar e esticar…

Paulinha sentiu seus pés encostarem em algo sólido, mas, com sua sapatilha não fazia ideia do que era… Então, pressionou o calcanhar na superfície para ficar descalça… Era difícil tirar a sua famosa sapatilha verde-limão daquele jeito.

Após um curto tempo, Paulinha já estava suada, exausta, com a língua para fora e ainda não havia conseguido descalçar a sapatilha… Otimista como era, ela decidiu que havia sim encostado na Lua e que já era hora de dormir e resolveu trazer a sua perna de volta.

Pobre Paulinha, sua perna não saía do lugar. Sua sapatilha ficou presa em alguma coisa naquela superfície e não tinha jeito de sair.

-O que vou fazer agora? – pensou a menina.

Paulinha começou a gritar:

-Socorro! Socorro! Estou presa na Lua!

Os pais de Paulinha e os vizinhos próximos saíram correndo de suas casas em direção à árvore na qual Paulinha estava. A menina calmamente explicou para todos o que havia ocorrido.

Todos ficaram pasmos com a história e uniram-se para tentar achar uma solução para o problema da menina. Pensaram em subir até a Lua pela perna dela, mas havia muitos problemas com esse plano… Também cogitaram reunir uma infinidade de balões cheios de gás hélio e flutuar até a Lua…

-E se os balões estourarem e a gente cair? É muito alto! – disse Marília, uma das amigas de Paulinha.

A verdade é que a Lua era extremamente longe e parecia impossível encontrar uma solução para o obstáculo de Paulinha. Seus pais e amigos bolaram diversos planos para tentar ajudá-la, mas não conseguiram achar uma solução para o problema. Fizeram o que podiam naquele momento e ficaram junto à Paulinha para que a menina não se sentisse sozinha e mantivesse o coração bem quentinho. Aos poucos, todos pegaram no sono, inclusive Paulinha.

Amanheceu, e, ao acordar, as pessoas olharam para cima da árvore e perceberam que a menina dormia tranquilamente no tronco, de lado, com as pernas encolhidas e com a cabeça apoiada no braço direito.

-Paulinha, Paulinha! Acorda! Como você conseguiu trazer a sua perna de volta? -perguntou Lisa, a professora de dança de Paulinha.

-Perna? O Quê? – questionou Paulinha coçando ambos os olhos.

-Acorda, Paulinha! Conte-nos como conseguiu desprender a sua perna da Lua? – questionou-a Carol.

-Minha nossa! nem tinha reparado. Ainda bem que não estou mais com meu pé preso na Lua! Já estava começando a ficar com a perna dormente… Bem, na verdade, não sei o que aconteceu. Fui dormir com a perna presa e acordei assim. – explicou a bailarina.

-Essa Paulinha faz do dia a dia um verdadeiro espetáculo de alegria! – disse Marcos, outro amigo da menina.

Vejam bem, meus queridos leitores! Paulinha e seus amigos nunca descobriram o que aconteceu. Embora tenham pensado em inúmeras hipóteses, nenhuma delas estava correta. Mas eu sei o que houve e vou contar para vocês:

Naquela noite, uma dupla de astronautas, Ribana e Priscila, estavam explorando a superfície da Lua quando se depararam com a curiosa cena. Num primeiro momento, deram um salto pensando ser um alienígena de cor verde. Contudo, ao olhar mais de perto, Pri reconheceu a sapatilha e a perna de Paulinha, afinal, ela era a bailarina mais famosa do mundo, e de pronto entendeu o que havia acontecido. Com muito cuidado ela desprendeu o pé da bailarina da borda da cratera na qual ele havia ficado preso e, ao soltá-lo, a perna rapidamente encolheu e retornou até a superfície da Terra.

 

 

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